MORADIA PARA IDOSOS

Quando o Adrian me chamou para fazer o projeto afetivo no apartamento de sua mãe Veronica, sua preocupação era criar condições no espaço para que ela continuasse morando em sua própria casa adaptando-a para as necessidades que surgem na vida de um idoso.

Com minha atenção virada para isso, comecei a fazer pesquisas para desenvolver o projeto, e me deparei com o Estúdio da Longevidade, criado para a CasaCor pela arquiteta Fávia Ranieri, que é formada também em Gerontologia pelo centro de Educação e Pesquisa Albert Einstein, e criou o Myseniordesign. Um escritório que desenvolve projetos de bem-estar para pessoas idosas, e que junta qualidade de vida e a longevidade, com o objetivo de desenvolver projetos direcionados especificamente para as necessidades dos mais velhos.

Rafael Renzo/CasaCor

“Montei o Myseniordesign com a proposta de antever, através da arquitetura, a nova moradia do idoso, onde ele pudesse reconhecer sua própria história. Nos meus projetos, procuro criar condições para que o idoso continue morando na sua própria casa, adaptando-a, gradativamente, as necessidades que vão surgindo com o tempo.”

Rafael Renzo/CasaCor

Assim ela cria projetos contendo todos os itens básicos que o mercado já disponibiliza para esse público, como barras de apoio no banheiro, ausência de degraus e piso antiderrapante que também evita que o reflexo produzido pela luz atinja os olhos do morador. O sofá conta com espuma de maior densidade e a altura da cama, adaptada a estatura do idoso, facilitam levantar, além de outros detalhes que fazem muita diferença no dia a dia.

“Além de um crescimento da população dessa faixa etária, os números comprovam que a maioria esmagadora dos acidentes acontece dentro da casa. Portanto, assim como já é lei projetar casas e prédios pensando na adaptação do espaço para deficientes físicos, a proposta é ajudar na conscientização sobre construir moradias que tragam a melhor experiência em qualidade de vida para as pessoas idosas. Um lugar que envelheça com a gente”

Rafael Renzo/CasaCor

Ela acredita que com seus projetos de moradia, os mais velhos possam também prolongar sua independência e autonomia, com um local melhor preparado para viver.

Os projetos além de promover a autonomia e independência do idoso, impacta nos familiares, já que o local é projetado com equipamentos de monitoramento prevenindo qualquer tipo de acidente.

“Todos os acessórios são imperceptíveis pensados exclusivamente nos acidentes mais comuns”

Rafael Renzo/CasaCor

Ao contrário do que pensa o mercado, segundo Flávia ainda muito tímido na área, sem informação e investimento, a demanda por este segmento de produtos é bastante alta.

“Por ora, procuro me adaptar ao que existe, utilizando ferragens de forma criativa para atender as funções que busco"

Rafael Renzo/CasaCor

“Por exemplo, inverto o sentido dos puxadores, instalando-os na horizontal, para que possam ser utilizados também como barras de apoio. As estantes descem até a altura dos olhos, evitando que o idoso suba no famoso banquinho e, além disso, diminuo a altura dos cabideiros e amplio a dos gaveteiros. E para finalizar, mensagens adesivadas nas portas dos armários sinalizando seu conteúdo”

A parte de automação completa os projetos com fatores de segurança e facilidades, que são gerados através de um aplicativo instalado no celular do idoso, bem intuitivo e de fácil uso. O programa produz o acionamento online e de longa distância das câmeras, caso haja algum acidente ou botão de pânico seja acionado. A campainha da casa toca no celular e é possível atendê-la ou mesmo acionar a abertura da porta por ele.

Outras possibilidades úteis e de fácil utilização pelo morador idoso incluem o sinal sonoro na gaveta de remédios, que pode ser disparado no horário programado e a luz suave balizadora que acende no rodapé, quando a pessoa coloca o pé no chão ao levantar da cama durante a noite.

Encontrar o Myseniordesign, me fez ter a confirmação de quão importante tem sido o desenvolvimento de uma arquitetura pensada para os moradores da terceira idade, ainda não muito difundida em nosso país. E como a Flávia mesma diz, acredito que quando um idoso souber que poderá usufruir de um ambiente com essas características, reconhecerá a necessidade de adaptação do seu ambiente sem se rotular como “velho”.